Consideramos tão oportuno quanto necessário abordar esta questão controversa, que tem servido de inspiração para a elaboração dos mais diversos artigos, crónicas, folhetos... O presente texto não pretende condenar as opiniões divergentes, mas sim esclarecer alguns pontos que nos parecem essenciais para responder a esta questão. Esperamos a mesma posição por parte de todos aqueles que se interessam por esta problemática. Parece-nos evidente a falta de informação relativa ao modo como estes animais são tratados e treinados. Muitos circos (internacionais) asseguram sessões de esclarecimento, enquadrando o adestramento como resultado do condicionamento operante (desenvolvido por Skinner), muita paciência, amor e respeito mútuos. Parece-nos que actividades semelhantes deveriam ser desenvolvidas pelos circos nacionais
por forma a sensibilizar e informar a população em geral sobre o modo como estes animais são tratados e ensinados, colocando os espigões, agulhões e choques eléctricos como instrumentos que não têm lugar nas pistas (voltaremos mais tarde a esta temática). Quem estudou comportamento animal, sabe que tal procedimento só aumenta a sua agressividade/stress, não contribuindo para o controlo do animal nem para o seu processo de aprendizagem. Parece-nos absurda e injusta a imagem dos circenses como energúmenos, cruéis e irresponsáveis. É necessário consciencializarmo-nos que só podemos opinar sobre algo que conhecemos verdadeiramente e nunca embarcar em juízos precipitados e infundados. Depois de alguma pesquisa, apuramos que a maioria dos estudos científicos (bastante reduzidos em nº, dada a lamentável falta de apoios nesta área) encomendados pelas organizações de defesa dos animais, revelou que a maioria dos animais do circo vivem em boas condições físicas, com uma longevidade idêntica (e como esperado, por vezes superior) à da fauna selvagem. No último estudo a que tivemos acesso (Animals in circus and zoos: Chiron’s World?"), a Dra. Marth Killey afirma que "não constatou sinais de violência, agressão ou stress durante o processo de aprendizagem".
Apesar do exposto, seria inconsequente da nossa parte, afirmar, que nenhum circo abusa dos seus animais, proporcionando as adequadas condições de comodidade e bem-estar. O mesmo se aplica quando ouvimos dizer que os circenses maltratam os seus animais, e que , por isso, a sua apresentação deveria ser banida de todos os circos. Consideramos tratar-se de uma posição tão extremista como inconsequente: deverá o justo pagar pelos erros do pecador? Parece-nos assim evidente, a necessidade de uma adequada inspecção que regulamente a apresentação destes animais face às condições que a companhia dispõe. Desconhecemos casos de agressão/negligência a animais por parte das companhias nacionais, mas admitimos que possam existir casos esporádicos: é a excepção que faz a regra!
Ainda ontem, liamos um folheto que censurava a existência de animais em circos, fazendo referência aos factos mais incríveis, que são igualmente vinculados por algumas instituições e particulares. Procuraremos analisar tais situações nos próximos parágrafos.
Faz-se incessantemente referência ao seu doping, por forma a diminuir a sua ansiedade. Quem lida diariamente com animais sabe que a administração de ansiolíticos/hipnóticos (utilizados pelos veterinários para observação) torna o seu comportamento completamente imprevisível, dificultando o trabalho do domador que aposta num comportamento esteriotipado/condicionado. É do senso comum que sob o efeito de tais fármacos (ainda que em baixas doses) o animal torna-se letárgico não respondendo adequadamente ao seu domador, sendo incapaz de levantar a cabeça ou subir para os tamboretes. É possível já ter visto tigres e leões mais dóceis em pista; isto pode ser explicado pelo seu temperamento e pela forma como foi crescendo. Há animais que tendo sido amamentados a biberão pelo domador, permitem a invasão do seu espaço (ver à frente) e troca de carícias e festas.
O saudoso Gunther Gebel-Williams, experiente domador e estrela do gigante americano RBBB durante anos sucessivos, partilhando a mesma opinião, reforçava esta ideia afirmando que da mesma forma, não aconselhava a toma de tais medicamentos por parte dos domadores. Parece-nos que muitas dos actos alegadamente cruéis publicados em tal folheto resultam de uma convicção baseada em rumores e opiniões. Por exemplo, quando alguém afirma já ter visto um elefante a chorar, consideramos um caso de má interpretação. Trata-se de uma solução que se aplica à volta dos olhos para prevenir infecções. Outros acusam os domadores de falarem muito alto com os animais: num ambiente ruidoso (música, murmúrio do público), esta parece-nos a única forma viável para comunicar. O chicote e a vara são usados como prolongamento dos braços do domador (linguagem gestual) estimulando/orientando os animais em pista (sinalização para realização de certo exercício- ver à frente). As correntes usadas para prender os elefantes constituem a forma mais segura e higiénica (as fitas humedecem facilmente proporcionando a infecção. Alem do mais, o metal é revestido por um pedaço de mangueira para evitar escoriações. Actualmente estão a ser implementados novos meios de confinação de espaço com corda resistente, possibilitando mais espaço aos animais (elefantes e camelos…). No nosso país os terrenos disponíveis não permitem a sua implementação, dada a sua exiguidade. As jaulas dos animais são usadas para o seu transporte. Durante os treinos e actuações vão para a pista; como foram criados em cativeiro a sua noção de espaço é diferente da humana. A pista será encarada como um espaço imenso. A única questão é que alguns circos não dispõem de jaulas com dimensões que permitam a sua mobilização. Entre nós muitas companhias encontram-se sensibilizadas para este aspecto: jaulas externas, a quadra dos animais é frequentemente limpa, a cama de palha mudada, água sempre disponível… Perante o exposto, pensamos que um dos grandes erros do texto referido é atribuir aspectos antropomórficos ao comportamento animal, como acontece em filmes e TV.
Muitas pessoas perguntam-nos como são treinados os animais no circo. A resposta não é simples dada a diversidade de domadores e temperamento dos animais. No entanto, consideramos como base deste processo, o condicionamento operante de Skinner, que se pode resumir como a aplicação de um reforço positivo de forma sistemática com vista a desencadear determinados comportamentos. Lidamos diariamente com este fenómeno: quando trocamos uma carícia ou atribuímos um petisco ao nosso cão quando ele se senta após ordem. Simplificando, o animal associará o gesto ou ordem verbal a uma recompensa se executar determinado movimento.
Quando se trabalha com feras, recorre-se a pedaços de carne e a palavras como "bravo" como reforço positivo. O sinal pode ser uma ordem verbal, movimento gestual ou de chicote. Se o animal se encontra em fase de aprendizagem é importante que o reforço suceda imediatamente a acção. Muitas vezes é necessário que o animal vagueie pela pista até que execute certo exercício, sendo-lhe concedido o reforço e associado o comportamento à ordem, à medida que o domador troca palavras repetidas com o animal. Esta interacção implica a ocupação do seu território que pode implicar duas reacções. Se o domador avança determinado para o espaço envolvente do animal, este recuará (saltando, por exemplo, uma barreira); se ocupar o espaço e der uns passos atrás (chamando o animal), este segui-lo-à (por exemplo, para se deitar na pista). O mesmo acontece quando o animal não pode recuar e o domador invade o seu território. Um caso prático: colocar um tigre em cima de uma bola, pode ser tarefa fácil; ao interpôr uma bola entre o tigre sentado e o homem.
Ao avançar, o tigre deslocar-se-à na sua direcção, saltando para a bola. Ao recuar suavemente (do seu espaço) o animal segui-lo-à sobre a bola. Para se equilibrar devidamente, é necessário que o tigre se inicie no cilindro com mecanismo de travagem sucessivo (calha própria) associado, para protecção da fera. Mais tarde é a vez da bola em calha.
O papel pedagógico do circo é inegável. O fascínio (de miúdos e graúdos) suscitado pelos seus animais torna a sua presença imprescindível. De facto, nas povoações menos favorecidas e mais distantes dos jardins zoológicos, a visita ao circo assume-se como oprtunidade única de contactar com lamas, camelos, dromedários, búfalos, elafantes, leões… Por outro lado, para além da mera exposição de exemplares exóticos e selvagens, o espectáculo circense constitui a prova viva de que a harmonia homem-fera é possível. Este facto contribui de forma parcial para a tão famosa magia do circo: um mundo de sonho e fantasia!
É de lamentar que alguns orgãos de comunicação social divulguem exclusivamente as campanhas de sensibilização das associações de protecção dos animais, escusando-se a ouvir os empresários e domadores sobre a matéria. Assim, chegam a nossa casa notícias e factos completamente distorcidos: por exemplo, as patas anteriores dos ursos devem ser queimadas para que estes assumam a posição vertical. Nada mais errado! É sabido que tais animais adoptam essa posição em diversas circunstâncias: quado pretendem alcançar frutos de árvores ou lutam entre si!
Encontra-se a decorrer nas instalações do Circo Victor Hugo Cardinali, uma campanha de recolha de assinaturas para a apetição que será entregue na Assembleia da República para a defesa do circo tradicional permintindo a permanência dos animais no circo.
Colabore nessa petição, todas as assinaturas são bem-vindas!
Um bem-haja
O Circo Victor Hugo Cardinali
Agradece
Is taking place at the Victor Hugo Cardinali circus, a campaign to collect signatures for a petition which will be delivered in the Assembly of the Republic for the defense of traditional circus allowing you the permanence of animals in the circus.
Collaborate with our petition, all signatures are welcome!
The circus Victor Hugo Cardinali
Thanks
Bruxelas, Bélgica – O Ombudsman europeu na semana passada emitiu uma decisão formal favorável à Associação Europeia de Circo reconhecendo que a Comissão Europeia cometeu um erro processual ao desistir da sua acção de infracção contra Áustria. A Comissão tinha iniciado processos legais contra Áustria em 2005 que viriam a ser suspensos, transgredindo o Tratado europeu que garante aos cidadãos europeus o direito de liberdade de movimento e prestação de serviços em toda a Comunidade Europeia. A Comissão mais tarde encerrou o caso por razões "políticas". De acordo com o Ombudsman europeu: "A declaração usada pela Comissão para justificar sua posição política no presente caso reconhece que os assuntos de bem-estar animal devem ser da responsabilidade dos Estados de Membro demitindo a Comissão do seu papel como Guardião dos Tratados". Tal declaração não justifica o encerramento de um inquérito numa queixa de infracção. A decisão da Comissão em abandonar o caso para razões políticas levou outos estados membros a legislar de forma ilegal. A Associação Europeia de Circo e seus membros estão satisfeitos com a crítica do Ombudsman e continuarão com acção legal contra Áustria em tribunal nacional desafiando a legalidade da proibição. Senhora Gundi Gadesmann, Meios de comunicação e Oficial Externo de Negócios, telefone: +32,2,28,2609 Associação européia de Circo, furgão de Laura der Meer, Representante de Bruxelas, telefone. +32,2,633,1503
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